"Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram"
O tempo parece ter vários tempos dentro de si mesmo. Um dia pode encerrar tantos outros dias, uma tarde tantas outras tardes e uma noite tantas outras noites... o que vivemos e a intensidade com que vivemos não pode ser medido pelos ponteiros do relógio ou números de um qualquer calendário.
Existe um tempo paralelo ao tempo cronometrado: o tempo emocional.
Um tempo regido pelos nossos sentimentos e pela sua intensidade. Só assim poderemos compreender o a existência de momentos de uma intensidade tal que, apesar de terem ocorrido num só dia, acabam por ter o peso e a importância de meses ou anos de convivência.
Mas qual será a veracidade destes momentos? Até que ponto não é ilusória esta súbita intensidade que os caracteriza? E quando nos apercebemos que não deveriamos ter seguido os impulsos que dela derivaram? O que fazer? Não será esta dúvida outra armadilha destes dias que num só dia nos aconteceram, destas tardes que numa só tarde nos aconteceram, destas noites que numa só noite nos aconteceram?
apenas tenho a certeza de uma coisa: "o tempo é um carro novo sem marcha atrás"...