o MeU eU e Os OuTrOs EuS (eL mEu Jo I eLs AlTrEs JoS)

fevereiro 18, 2004

As palavras flúem como rios numa torrente tempestuosa que não se sabe ao certo onde vai desembocar…
Assim vou eu, como as gotas da chuva que se desprendem das nuvens, sem terem conhecimento do seu destino. Caminho pelas ruas desertas, à procura de um rosto que perdi, que deixei fugir…mas todos estes encontros são em vão…todos os rostos me são estranhos...nenhum deles conheceu o reflexo daquele rio…
Procuro o caminho certo, mas apenas percorro trilhos pedregosos e empoeirados, que me conduzem a bosques e paisagens desabrigadas….paisagens queimadas e hostis…paisagens que se dissolvem por si próprias, assim como as memórias da felicidade…
Sinto-me…Sinto cada pedaço do meu corpo como parte integrante do ar que respiro, da terra que piso, da água que escorre pelos seixos daquele rio que um dia povoou a minha imaginação de criança…
Gargalhas, corridas, mil e uma brincadeiras...brincadeiras de outrora…em vez delas existe agora uma solidez, uma sensatez e uma necessidade infindável de coerência e assertividade. Onde estiveste este tempo todo? Não te apercebeste que tens asas? Voa! Atira-te de cabeça…a vida não espera por ti!
O tempo foge, o tempo corre…o tempo é como a água daquele rio que via da minha sala…mas agora o rio está mais pesado, arrasta consigo memórias e torrentes de palavras, de conceitos, de emoções, de responsabilidades….transporta o meu eu e os outros eus….