o MeU eU e Os OuTrOs EuS (eL mEu Jo I eLs AlTrEs JoS)

outubro 24, 2006


..."No me olvides, yo me muero"...

Após sete dias de encontros e descobertas, chegara a altura de o deixar, de partir ao encontro de si mesma, de se redescobrir e reconstruir. Só assim poderia voltar inteira e abraçar as novas possibilidades que a vida lhe oferecia. Mas será que as desejava realmente?

Na verdade, nenhum dos dois poderia saber o que lhes estava reservado, caso regressasse. Sim, nem isso estava certo. Poder-se-ia perder na espiral de tristezas, desilusões e tantos, tantos desencontros consigo e com os outros. Desgostos, episódios violentos, fardos com que preencheu as malas que levou. O que iria fazer com elas quando chegasse? Nem ela mesmo poderia responder.

E ele? O que faria na sua ausência? Esperaria por ela? Teriam sido suficientemente mágicas as sensações que redescobrira, desde aquele fim de tarde, em que se encontraram? Como reagiria a esta partida? E à chegada?

Procurava respostas nos desenhos das nuvens, nos pássaros que o circundavam, nas gotas de chuva que o acompanhavam onde quer que fosse, até nos poucos raios de sol que com ela não tinham partido. No entanto, apenas uma voz, que sentia agora como sua, lhe parecia querer dar uma pista: "Ay, abrázame esta noche(...) acércate a mí, abrázame a ti por Dios, entrégate a mis brazos."

A mensagem era clara, queria tê-la novamente consigo, sentir o calor da sua pele, voltar a ouvir a respiração ofegante enquanto se amavam. Sentir que eram um só. Essa era uma das sensações que nunca esqueceria: a de não saber onde começava o corpo de um e acabava o do outro. Sensações fortes para quem há tão pouco tempo se conhecia. Mas afinal, que importância teria o tempo cronológico? Não seria mais importante o que sentiam, todas as "palabras de amor" entre eles trocadas?

Só o tempo o diria...entretanto depositava a esperança num pequeno saco que lhe entregara quando partira... e adormecia... no ar apenas uma voz que cantava: "ella, donde estará? /ella, qué estará haciendo?/ (...)pero, cuando la noche cae, oigo lejana una canción/viejas notas, viejos acordes, viejas palabras de amor/palabras de amor, sencillas y tiernas(...)".