A voz de uma cantora hispânica entoando palavras de um amor intemporal aquecia o salão. Era aqui que ela o esperava, sentada na mesa de sempre. A abraçá-la trazia a écharpe beje, a mesma que, em muitos outros encontros, a tinha acompanhado.
À hora marcada avistou-o a aproximar-se da varanda. Era ele, não restavam dúvidas. Após o reencontro, conversaram sem notar o passar do tempo.
Lá fora, o manto da noite caía e a lua bailava adivinhando a magia do que estava para vir. Só a lua conhecia a frescura do beijo e a intensidade do abraço que trocariam horas mais tarde.
Antes de uma breve incursão pela noite da cidade que, de braços abertos, os acolhia, visitaram um lugar de memórias passadas. Aqui criaram o presente, brindando com champagne e degustando os mais deliciosos manjares.
Já em porto seguro, ele descobriu que as surpresas que a noite lhe reservara não haviam terminado. Diante dos seus olhos, desfilava agora uma infindável galeria de personagens, provenientes dos cinco continentes. Era ela que lhes dava vida fascinando-o em cada coreografia que tecia. As melodias, essas, percorriam as paredes e o soalho, arrepiando-o como nunca.
As horas foram passando e acabaram por se render ao cansaço que chegou com os primeiros raios de sol. Foi assim, que trocando a noite pelo dia, fizeram nascer cumplicidades e sonhos, acordando com a esperança de que esta magia não tivesse fim.