História de Laia (continuação 5)
Saindo do taxi, Laia reparou que da morada de Andreu, apenas sabia o número da porta. Como faria para encontrá-lo? Tocar em todas as campainhas não era a solução e além disso, a estricta educação que recebera, ensinara-lhe que não era o momento para incomodar quem, por aquelas horas, estaria concerteza a jantar. Decidiu então procurar um lugar onde passar a noite.
Enquanto caminhava pelas ruas escuras da cidade escutava uma canção saída de uma grafonola que lhe era familiar: "We may never never meet again, on that bumpy road to love, But Ill always, always keep the memory of..."
A letra arrepiou-a de tal forma que nem se deu conta de que estava a ser seguida. Não querendo voltar-se para trás, a sensação que tinha, era como se, por magia, a própria sombra tivesse ganhado vida. Por mais que tentasse, não podia ignorar os passos que a acompanhavam em cada rua que cruzava, em cada esquina que girava. A pouca iluminação desta zona repleta de sinistros armazéns tão pouco ajudava a melhorar o ambiente e, inevitavelmente, o pânico apoderou-se de si. À medida que sentia os passos cada vez mais próximos, mais rápido lhe batia o coração, parecendo querer saltar do peito.
-Senhora, senhora, deixou cair o seu porta-moedas. Só queria devolver-lo."
Laia girou-se e agradeceu-lhe ainda com algum receio. À sua frente estava uma jovem adolescente que parecia tão asustada como ela.
- Assustaste-me! De qualquer forma obrigada. Não sei o que faria sem ele!!
- Desculpe. Não era a minha intenção assustá-la! Não me diga que trabalha aqui também...
- Como podia trabalhar aqui? Que dizes? Já agora, conheces alguma pensão onde possa passar a noite?
- Sim, a minha tia tem sempre quartos disponíveis. Não está exactamente aqui ao lado, mas posso levar-la até lá. Também não é bom que esteja aqui sozinha, ainda mais vê-se que não é daqui, verdade? Não me leve a mal, mas assim que a vi assim vestida e com essa cara de provinciana, pensei: esta coitadinha està perdida.
Sem saber como reaccionar perante o seu atrevimento, mas consideravelmente mais calma, resolveu deixar-se levar até ao Carrer de Llull onde ficava a tal pensão que lhe falara. Ao entrar no quarto deitou-se na cama e tentou descansar, contudo o turbilhão de emoções parecia não estar disposto a deixá-la dormir. Ainda assim o cansaço que sentia acabou por vencer e Laia despertou-se na manhã seguinte decidida a voltar à morada onde esperava poder encontrar o homem que ainda amava.
Quando saía da pousada, onde decidira ficar por mais uma noite, voltou a encontrar a jovem adolescente.
- Fartou-se de dormir!! Cheguei a pensar que não se despertaria!? Afinal de onde vem? Ah! Se quiser posso guiá-la pela cidade. Quero estudar turismo e assim vou praticando. E guio-a sem cobrar nada, o que me diz?
Laia estava mais uma vez chocada com o à vontade desta jovem “urbanita”(como lhe chamariam na sua vila) e com a rapidez com que encadeava as palavras, quase sem respirar.
- O que te digo é que a pesar de estar agradecida por me teres trazido até aqui, não me agrada a forma como falas. És muito incoveniente e além disso, o que te levaria a pensar que confiaria em alguém de quem nem sei o nome?
- Só queria ajudá-la, mas se é pobre e mal agradecida…problema seu! Que passe bem!
- Desculpa, sou estúpida, não queria que te ofendesses. Venho de Tossa de Mar e esta é a primeira vez que venho a uma cidade tão grande como Barcelona e estou bastante nervosa. Ah, e também eu não me apresentei: sou a Laia.
- Não faz mal, aquí tem a Núria, guia turística à sua disposição!
Passada a amistosidade inicial, Laia decidiu colocar nas mãos da jovem barcelonina a sua estadia. No fundo sabia que estava completamente perdida e não sabia o que fazer para encontrar Andreu, possivelmente nem conseguiria chegar à sua rua novamente.
- Se não for perguntar muito, o que a traz por cá? Quem procura no Carrer de San Francesc? Algum parente?
- Núria, é uma história muito longa... Não sei se queres ouvi-la. Vais pensar que estou louca.
- Não seja tonta, tempo é o que mais tenho e cheira-me a uma história de amor…e se assim o é, encontrou a melhor ouvinte que podia encontrar…a pesar de não saber muito bem o que é isso a que chamam amor…
-Não te enganas, esta é de facto, uma história de amor, agora se terá um final feliz ou triste só Deus o sabe.
No caminho Laia explicou-lhe como tudo começara naquela famigerada noite de névoa em que Andreu atracara na Baía de Ses Dones, falou-lhe das cartas trocadas e do que a levava até ali. Núria não conseguindo esconder a emoção que aquela história lhe provocara, disse:
-Conte comigo para encontrar esse Andreu. Tem aqui uma nova amiga!
Com toda a conversa nem se aperceberam de já ter chegado ao destino. Diante delas, estava o nº10 do Carrer de San Francesc onde uma idosa sentada numa cadeira de praia olhava para o infinito, como se esperasse alguém que nunca voltou.
Foto retirada de: http://www.bw-color.com/fotos-88-it%E2%80%99s-raining-over-the-city.htm
-Senhora, senhora, deixou cair o seu porta-moedas. Só queria devolver-lo."
Laia girou-se e agradeceu-lhe ainda com algum receio. À sua frente estava uma jovem adolescente que parecia tão asustada como ela.
- Assustaste-me! De qualquer forma obrigada. Não sei o que faria sem ele!!
- Desculpe. Não era a minha intenção assustá-la! Não me diga que trabalha aqui também...
- Como podia trabalhar aqui? Que dizes? Já agora, conheces alguma pensão onde possa passar a noite?
- Sim, a minha tia tem sempre quartos disponíveis. Não está exactamente aqui ao lado, mas posso levar-la até lá. Também não é bom que esteja aqui sozinha, ainda mais vê-se que não é daqui, verdade? Não me leve a mal, mas assim que a vi assim vestida e com essa cara de provinciana, pensei: esta coitadinha està perdida.
Sem saber como reaccionar perante o seu atrevimento, mas consideravelmente mais calma, resolveu deixar-se levar até ao Carrer de Llull onde ficava a tal pensão que lhe falara. Ao entrar no quarto deitou-se na cama e tentou descansar, contudo o turbilhão de emoções parecia não estar disposto a deixá-la dormir. Ainda assim o cansaço que sentia acabou por vencer e Laia despertou-se na manhã seguinte decidida a voltar à morada onde esperava poder encontrar o homem que ainda amava.
Quando saía da pousada, onde decidira ficar por mais uma noite, voltou a encontrar a jovem adolescente.
- Fartou-se de dormir!! Cheguei a pensar que não se despertaria!? Afinal de onde vem? Ah! Se quiser posso guiá-la pela cidade. Quero estudar turismo e assim vou praticando. E guio-a sem cobrar nada, o que me diz?
Laia estava mais uma vez chocada com o à vontade desta jovem “urbanita”(como lhe chamariam na sua vila) e com a rapidez com que encadeava as palavras, quase sem respirar.
- O que te digo é que a pesar de estar agradecida por me teres trazido até aqui, não me agrada a forma como falas. És muito incoveniente e além disso, o que te levaria a pensar que confiaria em alguém de quem nem sei o nome?
- Só queria ajudá-la, mas se é pobre e mal agradecida…problema seu! Que passe bem!
- Desculpa, sou estúpida, não queria que te ofendesses. Venho de Tossa de Mar e esta é a primeira vez que venho a uma cidade tão grande como Barcelona e estou bastante nervosa. Ah, e também eu não me apresentei: sou a Laia.
- Não faz mal, aquí tem a Núria, guia turística à sua disposição!
Passada a amistosidade inicial, Laia decidiu colocar nas mãos da jovem barcelonina a sua estadia. No fundo sabia que estava completamente perdida e não sabia o que fazer para encontrar Andreu, possivelmente nem conseguiria chegar à sua rua novamente.
- Se não for perguntar muito, o que a traz por cá? Quem procura no Carrer de San Francesc? Algum parente?
- Núria, é uma história muito longa... Não sei se queres ouvi-la. Vais pensar que estou louca.
- Não seja tonta, tempo é o que mais tenho e cheira-me a uma história de amor…e se assim o é, encontrou a melhor ouvinte que podia encontrar…a pesar de não saber muito bem o que é isso a que chamam amor…
-Não te enganas, esta é de facto, uma história de amor, agora se terá um final feliz ou triste só Deus o sabe.
No caminho Laia explicou-lhe como tudo começara naquela famigerada noite de névoa em que Andreu atracara na Baía de Ses Dones, falou-lhe das cartas trocadas e do que a levava até ali. Núria não conseguindo esconder a emoção que aquela história lhe provocara, disse:
-Conte comigo para encontrar esse Andreu. Tem aqui uma nova amiga!
Com toda a conversa nem se aperceberam de já ter chegado ao destino. Diante delas, estava o nº10 do Carrer de San Francesc onde uma idosa sentada numa cadeira de praia olhava para o infinito, como se esperasse alguém que nunca voltou.
Foto retirada de: http://www.bw-color.com/fotos-88-it%E2%80%99s-raining-over-the-city.htm
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